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Veja matéria sobre o Encena na revista eletrônica Questão de Crítica: http://www.questaodecritica.com.br/2013/01/grupos-em-processo-de-criacao/

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cobertura 18/10/12 - 1° dia (Parte II)


Encena II – Desvendando o Processo




Por Andrea Santiago
 

       ‘Eu me amo. Eu me aprovo.’, texto e direção de Vinícius Arêas. Sim, eles se amam e se aprovam. A comédia escrita por esse jovem autor admite drama, comédia, suspense, terror e o Grupo Atorais, amigos formados pela Univercidade, estão em cena se aprovando como uma unidade para mostrar que o trabalho em grupo é e pode ter um resultado concreto e de qualidade. O texto é feito a partir de temas atuais e suas variações, às vezes trágicas, às vezes surreais, mas sempre pelo ponto de vista do humor - como o próprio autor diz, humor-negro. A dramaturgia ágil, quase sem pausas, é levada ao palco por atores afiados e com relações bem estabelecidas com seus personagens e o outro. Mesmo que seus papéis sejam do porteiro rabugento à psicóloga (assassina) e ao terapeuta lifecoach. E lembrando que a comédia vem pelo humor do texto e também pelas peculiaridades absurdas das situações mas que sem dúvida são reconhecíveis pela plateia. Com Dayanna Lima, Bruno Dal Ponte e Vinícius Arêas.
          Em "Não sou feliz, mas tô tentando...", de Bárbaro Heliodoro, Filomena, uma senhora mineira narra episódios de seu passado enquanto aguarda a chegada de seu neto. Dona Filomena tem uma interlocutora, uma boneca, com quem fala sobre, entre tantas coisas, a época em que morou com sua filha e seu genro no Rio de Janeiro. Marcos Andrade incorpora a senhora com sotaque mineiro e linguajar bastante informal e na estrutura do texto, percebe-se uma cronologia e linha de narrativa da história, mas que se perde na encenação e em apartes. Talvez em frases longas que diluem seu significado e afrouxam a narrativa. Dois atores representam o genro – em poucas inserções ilustrando partes da história de Filomena – e o neto que retorna para casa da avó. Renato Correia e Márcio Nogueira completam o elenco.

 Grupo Atorais (Foto de Karine Menezes)

Teatro Curupira, com ‘Um samba para Plínio Marcos’. Nessa apresentação, embora seja uma peça ainda em acabamento, a escolha foi mostrar como chegaram a cenas já prontas a partir de estudos e pesquisas do vocabulário corporal das duas atrizes. O texto é baseado em Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos e a cena, diferente do que estamos acostumados, é apenas um reforço de que textos não precisam e nem sempre requerem atuações e concepções realistas ou ilustrativas de suas escritas. Além do processo em dupla, a direção de Ronaldo Ventura é feita de São Paulo. As diretrizes da cena e dos ensaios e do andamento da criação são dadas por ele e elas, Ana Cecília Reis e Caju Bezerra, aqui no Rio, se comprometem a trabalhar física e concretamente exercícios corporais de ação e reação, equilíbrio e desequilíbrio, direções, sentidos; oposições não apenas do corpo, mas de papéis do opressor-oprimido, impositor- ameaçado; alternâncias de queda e suspensão. A dupla cria partituras físicas e as desenvolve e aperfeiçoa de acordo com o trecho do texto, com cadências musicais e números circenses. O que podemos ver como espetáculo é uma cena preenchida de pesquisa e resultado de um processo investigativo. Isso fica claro, justamente, por essa inadequação entre o gesto: corpo e movimento na relação das duas e a relação com o material dramatúrgico. O que poderia ser injusto ao texto ou ao entendimento de uma obra dramatúrgica a partir da encenação se esvai numa cena onde, além de uma obra montada, temos escancarado o processo de chegada até lá. Mas em Um Samba para Plínio Marcos, isso não é reflexo de precariedade ou material de ensaio mal escondido, mas ao contrário, de expor e deixar a ser apreciado o que era experimentação e se torna real e concreto aos nossos olhos quando vemos em cena as escolhas feitas por elas, assim como as escolhas que elas deixaram de lado.
Para finalizar a noite, Ciça Ojuara e Rodrigo Guedes, em Breve – um pequeno conto de Romeu e Julieta, de Rodrigo Brand, transpuseram Shakespeare para a atualidade. O conteúdo temático permaneceu, mas sua estrutura dialógica e formalidade deram lugar às gírias e relações afetivas de jovem cariocas. A cena é a discussão entre o casal, pois ele, Romeu, sumiu por dias enquanto Julieta, apaixonada, tenta em vão mandar mensagens no celular, deixar recado e nada. A reconciliação de Romeu e Julieta acontece com a ajuda do público que interage com os atores. Como todo romance, final feliz; o casal faz as pazes  e vai curtir uma noite na Lapa.

          Leia a primeira parte:


http://www.processoencena.blogspot.com.br/2012/11/cobertura-181012-1-dia-parte-i.html


Encena II – Desvendando o Processo, mostra de processos criativos em artês cênicas, foi realizada nos dias 18 e 19 de outubro na Galeria TAC (Centro, Rio de Janeiro - RJ), com organização da GMALTA Produções e da Oz Comunicação e Gestão de Pessoas. O apoio institucional foi da Galeria TAC e da Oz Comunicação e Gestão de Pessoas.




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